"Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e com toda a tua força” (Dt. 6,4-5)
Artigos | 03/08/2020

A Sagrada Escritura diz que fomos criados por Deus, a sua imagem e semelhança. (Gn1,26-27) também nos revela que fomos predestinados por meio de Jesus Cristo como seus filhos adotivos a salvação e, portanto, destinados a Eternidade. Quando pensamos na existência do homem pensamos no sentido da vida, a missão para a qual foi criado e chamado. A Palavra de Deus e também o Catecismo da Igreja Católica nos falam do primeiro chamado que Deus nos fez: o chamado a vida, portanto falamos de vocação, palavra vinda do latim (vocare- que significa chamar). Trata-se de um chamado especial, Deus que nos chama a vida, criados a sua imagem e semelhança, para participar na Obra de sua Criação e assim participar da manifestação de sua Glória e Poder. Santo Inácio de Loyola em seus escritos diz que “fomos criados para: louvar, reverenciar e servir a Deus”, uma vez que compreendemos o porquê e para que fomos criados e destinados, somos conduzidos por uma busca de perfeição à santidade; Santo Afonso Maria de Ligório nos seus escritos (Prática do Amor a Jesus Cristo) nos fala que “toda a santidade e toda a perfeição de uma pessoa consiste em amar a Jesus Cristo, nosso Deus , nosso maior Bem, nosso Salvador.” Perfeição esta, na qual foi nos transmitido como primeiro mandamento: “Amarás o Senhor teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e com toda a tua força” (Dt 6,4-5). Quando falamos sobre amar a Deus de todo coração, significa amar acima de tudo o que existe, e ser capaz de renunciar tudo o que seja material deste mundo, como também ser capaz de renunciar até as relações humanas de apegos afetivos. Isto não quer dizer ignorar, desprezar aquilo que Deus criou, pois tudo que Ele criou é bom e perfeito, mas uma vez que o pecado entrou no mundo, o homem ficou dividido, corrompeu-se e se desviando colocou outras coisas no lugar e acima de Deus. Lembramos que as coisas deste mundo foram criadas para estar a serviço do homem, e não o homem ser escravo, aprisionado as coisas criadas. Papa Bento XVI, em sua encíclica (Deus Caritas Est) nos lembra, que “o Amor exige renúncias, sacrifícios, o amor é entrega, doação e serviço”. Jesus Cristo é este exemplo de amor; Ele passou a vida fazendo o bem, nos revela por meio de sua Paixão, Morte e Ressurreição, a Plenitude do Amor de Deus por toda a humanidade. Ele nos amou por primeiro (1Jo 4,19).Noutra passagem, nos recorda, que Deus amou tanto o mundo que nos deu o seu único Filho (Jo 3,16) que mesmo Ele, existindo em forma divina não se apegou a sua divindade, mas esvaziou-se de si mesmo e se encarnou, entrou na história da humanidade, se fez um de nós e se fez servo. Tudo isto para nos redimir e salvar. Porque Deus nos ama, Deus é Amor! Ao falar da Expressão máxima do amor de Deus por nós, Jesus Cristo como a Plenitude de toda a Revelação dada ao mundo, revelada e manifestada entre nós, aprendemos com Ele amar a Deus e aos nossos Irmãos. ‘Não há prova maior de amor, do que dar a vida pelo irmão’. (Jo 15,13). Com JesusCristo, aprendemos a sair de nós mesmos, capazes de nos doarmos, de servirmos; tudo para o Louvor e a Glória de Deus que deve ser manifestado no cotidiano da nossa vida, nas labutas, na prática servindo nas alegrias e fadigas. Serviço este, que se estende ao “amor às liturgias que celebramos” até a caridade que fazemos ao próximo. Quando somos capazes de ver no outro o rosto de Deus. “em verdade vos digo: todas as vezes que fizestes isso a um desses pequeninos que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes”. (Mt 25,31- 46). Aprendemos com Jesus Cristo que para a busca da perfeição da santidade que consiste em amar a Deus, de todo coração, de toda alma e entendimento, de que é no encontro com Deus através da oração que aprendemos verdadeiramente amar, louvar, e fazer o bem. Na medida em que conhecemos Deus, se ama e perdoa cada vez se identificando mais com a Pessoa de Cristo; na oração aprendemos a amar e ser capazes de dar a própria vida a Deus e aos Irmãos! Deste modo compreendemos quando Jesus diz no seu evangelho: que toda Lei e os Profetas dependem em amar a Deus com todo coração com toda a alma, e com todo entendimento, e amar o próximo como a si mesmo. (Mt 22,34-40. E ainda acrescenta noutra passagem Este é o meu mandamento: “que vos ameis uns aos outros assim como eu vosamei”. (Jo 15,12).Que Maria nos ensine amar e servir a Deus e ao próximo, como Ela mesma amou e serviu.
Padre Flaviano Walger Schulz